Uma tarde mais que especial para crianças internadas na pediatria, na UTI pediátrica e na ala Nossa Senhora de Fátima do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP). Uma ação idealizada por pequenos escoteiros evidenciou o verdadeiro sentido da Páscoa, o da renovação e do renascimento. A turma da alcateia infantil do Grupo Escoteiro Iguassu, com idades entre sete e 11 anos, levaram na tarde deste sábado (8), cestas e mensagens de carinho para quem necessita tratamento médico especial e precisou vivenciar esse momento familiar no hospital. Com direito a coelho de verdade, a reação dos pequenos revelou a grandiosidade do gesto solidário.

O projeto já havia sido realizado no ano passado e, pelo sucesso, o grupo decidiu mantê-lo. Os pedidos de doações de chocolates (ou mesmo PIX) se espalharam nas redes de familiares e da Internet. Em vídeo, Helena Knopp, 7, era só desenvoltura e carisma no pedido. O apelo deu certo, e com as doações, a pequena fez questão de colocar nas mesmas redes, as compras feitas no mercado e a preparação das sacolas. Já a lobinha Isabela Testa de Souza Guedes, 11, conta que se sente muito feliz em poder ajudar pessoas com menos condições e aquelas que estão no hospital. "Ajudar os outros, ajuda a nós mesmos e eleva a nossa auto-estima", garante.

Um exemplo disso foi citado aos presentes pela mãe da escoteira Melissa Marques, 5. "Em 2019 ela esteve internada por dois meses na UTI e o Chico (hospital São Francisco) salvou a minha filha", disse Franciane Marques, 43. Ela conta que quando viu a filha escrevendo a cartinha para um internado, foi como se um filme passasse em sua cabeça. "A acolhida do Chico às mães de pacientes é muito acolhedor e por isso, hoje eu estou tão emotiva". O akelá (nome dado ao chefe do grupo) José Antonio de Souza Guedes, 48, revela que uma menina internada na Santa Casa de Porto Alegre ingressou no grupo via online e que isso tocou muito os integrantes. "Nos trabalhos em ações na Páscoa e no Natal, mas são eles que decidem tudo, através do que chamado jogo democrático, ou seja, a ação vai desde a idealização, a escolha da instituição, a arrecadação até a montagem e entrega", ressaltou.

A atitude dos pequenos foi bastante elogiada pela coordenadora da comissão de humanização do HU, Alessandra Peters. "Nosso temos 80% de atendimento SUS (Sistema Único de Saúde) e muitas crianças, com certeza, não irão ganhar nada nessa Páscoa, a não ser o presente de vocês", disse. Já a coordenadora assistencial, Amélia Goulart explicou aos pequenos lobinhos que muitos pacientes não têm como se deslocar para receber a Páscoa e, também por medidas de segurança, a entrega não pode ser direta, fato que não tirou a alegria dos escoteiros que, ao saberem das condições com antecedência, escreveram cartas motivadoras que foram juntas com os chocolates. A mediação foi feita pelo mascote do hospital, o Chico, que passou o tempo todo com a coelha Amora, da higienizadora do HU, Cristiane Santos, 40. Por saberem que o coelho é um animal que se assusta fácil com o barulho, os aplausos de despedida foram no chamado pelos escoteiros de chuva, ou seja, são dois dedos de uma mão batendo na palma da outra.

Alegria e emoção
Quando David da Luz, 5, que tem autismo e passou por uma cirurgia recente, viu o coelho e logo disse: "Que fofo." Ele também se encantou com os chocolates e ouviu da equipe os dizeres de sua cartinha. "O melhor remédio é o carinho. Feliz Páscoa." Benjamin Griep, 3, era só sorrisos. A expressão quando viu a sacola de chocolates (sem açúcar, pois ele tem diabetes), fez todos da sala se emocionarem, pois era como se estivesse recebendo algo muito grandioso. Mesmo assim, não largou da maçã que saboreava. Sobre o coelho, ele disse ter gostado bastante, mas se fosse para ter um animal, seria um peru. Quem estava internado na UTI também foi contemplado. O Chico fez uma visita surpresa e entregou as sacolas, sendo que a promessa foi de comer um por dia, quando puderem.